quarta-feira, 20 de abril de 2011

'Esvazia. Preenche. Transborda.'

- Maria?
- Oi?
- Já dormiu?
- Pode falar.
- Que chuva, não?
- Sim. Que chuva!
- Maria?
- Sim?
- Não consigo dormir.
- Por causa da chuva?
- Não.. Por causa do barulho.
- Do barulho da chuva?
- Não. Do barulho vazio..
- Mas não tá vazio. Tá cheio!
- Sinto vazio..
- Não, boba, não sente vazio. Só não aprendeu a escutar.
- Me ensina, Maria.
- Descreve o barulho, então.
- É oco. É como uma bolha vazia...
- É porque vem de dentro.
- É seco. Parece duro como pedra; machuca.
- Você se prende ao desnecessário.
- Eu escuto o que grita mais alto, o que ensurdece.
- Faz silêncio. Esquece dos ouvidos, usa o coração.. O que você escuta?
- Paz. Esse som eu não sei explicar.. É como uma cachoeira, doce e suave.
- É porque tá cheio. Transborda!
- Maria?
- Oi?
- Boa noite.

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