terça-feira, 3 de novembro de 2015

Calmaria

Sou desse tipo de gente que escreve sobre (ou sob) tristeza. Quando tá tudo bem as palavras somem. Acordei me questionando o porquê. Acordei procurando minha inspiração. Percebi que minha inspiração foi personificada. Criou corpo, voz e uma personalidade bem forte. Descobri que durmo e acordo (quase) todos os dias ao lado da minha inspiração. Continuei sem entender para onde foram as palavras. Pensei mais um pouquinho e percebi que virei a inspiração de alguém. Dei cara, voz e jeito. Virei norte, guia. Dei sentido. Fiz sentido. Entendi, então, que isso engrandece a vida. Ser e estar para alguém que é e está para você. Em um aspecto bem específico da vida, isso é Plenitude. E quando a gente tá pleno a gente tá feliz. E quando a gente tá feliz a gente guarda lá no fundo, no coração. E não por todo aquele clichê de inveja que propagam por aí. A gente guarda porque é da gente, porque só faz sentido pra gente. Não importa o caos que tá lá fora, dentro tá tudo sereno. Tirei um peso das costas  quando percebi que o que falta não é inspiração - hoje minha inspiração faz parte de cada segundo do meu dia, está presente em tudo que faço. O que falta é apenas a vontade de tirar de dentro, de jogar pro mundo. Isso a gente faz quando tá triste, quando tá pesado, quando sufoca. Transborda pra fora. A leveza, no entanto, transborda pra dentro. Só se externa no sorriso no canto da boca, no brilho nos olhos, no semblante. Quando a gente tá assim, leve, sereno e em paz, tudo que se escreve vira declaração, deixa de ser texto e vira carta. Não tem mais prosa. O dia inteiro se faz poesia. Amor e poesia...
Amor é poesia.