domingo, 18 de novembro de 2012

Tempo

Dezenove horas, ela espera. Se aproxima o pequeno instante no qual eles sentem aquela incômoda sensação de frio na barriga e coração acelerado, que a essas alturas é quase imperceptível, mas ainda existe porquê - e somente porquê - eles se recusam a deixar apagar essa última emoção palpável. Emoção a qual ainda move suas vidas. Na casa vazia o tic-tac do relógio causa uma angústia que ela finge não sentir, preferindo ofuscar todo o silêncio e barulho com um confortante e desafinado assovio. Tantos pensamentos, tantas lembranças e sonhos - perdidos e realizados - passam pela sua cabeça, enquanto o relógio insiste em se arrastar. Jantar pronto, mesa posta, dezenove horas e vinte e cinco minutos. Ela começa a preparar o café, sabendo que ficará pronto no momento exato, quando ele chegar. E fundamenta essa rotina metódica nas péssimas garrafas pseudotérmicas fabricadas hoje em dia - sabendo, no fundo, que o cheiro de café quentinho da pra se sentir no elevador, e é apenas mais um apelo, mas uma ferramenta desesperada de conquista, na tentativa diária de transformar aquele ambiente estranho e hostil em um lar. Café pronto, a campainha toca. Ela se arrasta até a porta, e o reencontro se firma com aquele antigo abraço apertado, que a essas alturas fala, por si só, que as coisas não são mais como antigamente. Ela pergunta como foi o dia. Ele diz que sentiu saudades. E como sempre souberam, tudo é completamente firme, calmo e estático. O que o conforta profundamente. O que a enlouquece.

terça-feira, 17 de julho de 2012

...

Ser amor a qualquer hora, ser amo de corpo inteiro..


"É fácil amar o outro na mesa de bar, quando o papo é leve, o riso é farto, e o chope é gelado. É fácil amar o outro nas férias de verão, no churrasco de domingo, nas festas agendadas no calendário de vez em quando. Difícil é amar quando o outro desaba, quando não acredita em mais nada. E entende tudo errado. E paralisa. E se vitimiza. E perde o charme. O prazo. A identidade. A coerência. O rebolado. Difícil amar quando o outro fica cada vez mais diferente do que habitualmente ele se mostra ou mais parecido com alguém que não aceitamos que ele esteja. Difícil é permanecer ao seu lado quando parece que todos já foram embora, quando as cortinas se abrem e ele não vê mais ninguém na platéia. Quando o seu pedido de ajuda, verbalizado ou não, exige que a gente saia do nosso egoísmo, do nosso sossego, da nossa rigidez, do nosso faz-de-conta, para caminhar humanamente ao seu encontro. Difícil é amar quem não está se amando. Mas esse talvez seja, sim, o tempo em que o outro mais precisa se sentir amado. Eu não acredito na existência de botões, alavancas, recursos afins, que façam as dores mais abissais desaparecerem, nos tempos mais devastadores, por pura mágica. Mas eu acredito na fé, na vontade essencial de transformação, no gesto aliado à vontade, e, especialmente, no amor que recebemos, nas temporadas difíceis, de quem não desiste da gente."

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Amizade

Costumam falar que é nos momentos difíceis que a gente descobre os verdadeiros amigos.. Será?! Certa vez ouvi uma frase que dizia, mais ou menos, que na verdade descobrimo-os nos momentos de alegria. Isso me intrigou e depois de muito pensar, descobri que essa sim é a verdade. Qualquer um tá ali nas horas sofridas. Perceba, na morte de alguém querido, na descoberta de uma doença, durante uma separação.. Nesses e em vários outros momentos difíceis, quantos "ombros amigos" não nos aparecem? Qualquer um pode suportar alguém sofrendo, alguém na pior.. É mais "fácil". O difícil, meu amigo, é ver alguém feliz, alguém realizado, alguém subindo na vida e ainda assim, independentemente da sua situação no momento, ficar feliz por ele.. Sem invejas, sem ciúmes, sem cobranças - porque nada disso é sinônimo de Amor. Hoje, sem dúvidas, reconheço meus amigos. E agradeço a cada um pelo companherismo, lealdade e felicidade que compartilham diariamente comigo.

terça-feira, 22 de maio de 2012

tempo, tempo, tempo..

Amor. Aquilo que alimenta corpo, alma e coração. Causa para se viver ou morrer. Como pode, tantas vezes, coisas pequenas abafarem o essencial? O problema é o acúmulo! Acúmulo de dor, acúmulo de mágoa, acúmulo disso - coisas pequenas. Um cisco no olho incomoda, um cisco no olho dia após dia irrita, muitos ciscos cega. Enquanto isso a gente vai cobrindo o Amor, quase que literalmente, de merda. E chega uma hora que é preciso escolher: ou se perde, ou se acha. Ou ama, ou nada. E meu caminho é o Amor. Às vezes elas - as coisas pequenas - se acumulam tanto que quase me cegam. Mas algo mais forte pulsa em mim; sopro de vida.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Eu sou.

Num mundo de clichês

eu sou conjectura.