quinta-feira, 1 de junho de 2017

Autobiografia antiga - que continua recente.

Todos que me circundam reconhecem em mim calma, paz e serenidade. E essa opinião é incrivelmente unânime. Também reconheço essas características em mim, não há como negar, pois calma, paz e serenidade sempre foi tudo o que busquei nos que me são presentes - acredito no espelho da vida. Tudo que é oposto disso me afasta. Efusividade me irrita, barulho me desorienta, pressa me enlouquece. Uma vez alguém que me conhecia de uma forma mais profunda que eu mesma resolveu me definir, de forma ironicamente impecável: "Isadora funciona numa velocidade abaixo do resto da humanidade, parece que nasceu em slowmotion". Até hoje rio quando lembro disso, foi uma crítica a minha não aceitação ao ritmo acelerado desse mundo - e olhe que foi bem antes dessa geração hightech de respostas simultâneas e notícias na velocidade da luz. Não tenho pressa, não ando rápido, falo devagar, fico horas sentada numa varanda fazendo absolutamente nada e sem a menor sensação de perda de tempo (apesar do tempo ser cada vez mais curto). Leio o mesmo livro três vezes, leio três livros ao mesmo tempo. Não suporto moda, ditadura de beleza, culto ao corpo, extremismos. Não me adéquo a imposições. Leio sobre signos, sobre pássaros, sobre religiões, medito. Acredito em Deus, em Alá, Buda, Jah, no Sol.

*Texto escrito em 06/11/14, tido como inútil, esquecido nos rascunhos e publicado agora pelo simples fato de continuar fazendo sentido.