quarta-feira, 28 de abril de 2010

Ter

Eu odeio não poder ter as pessoas. Eu queria poder tê-las do meu jeito. Queria poder mudar as circunstâncias sem precisar abrir mão dessa posse. É engraçado como esse sentimento é e não é, simultaneamente, egoísta. Não é, porque quero-as de um modo bonito; por amor e só. Amor de verdade, solto, livre.. Com todo direito de ir, contanto que volte! Não quero-as só por querer; não é posse, é preferência. Não faço questão de absolutamente nada que eu tenho, só faço questão das pessoas. Só quero ter exatamente o que eu não posso ter, mas vivo na ilusão que tenho. Finjo todos os dias que as possuo, que são minhas.. Até o dia em que se vão - e não voltam. Às vezes algumas pessoas tornam-se minhas de maneira singular, mas para elas não basta serem minhas, elas precisam ser minhas nesta singularidade, e isso me irrita. Quando aquela maneira do começo tem que mudar, elas se vão.. Quanto egoísmo! Vão levando uma parte de mim. Vão fisicamente, mas a ausência nuca se vai. Se levantam e saem, mas o espaço que ocupavam fica e nunca mais poderá ser ocupado por ninguém.
Ao mesmo tempo, admito ser esse um sentimento egoísta. Quero-as porque amo. Amo-as porque me fazem bem. No fim, quero-as porque me fazem bem. Não só porque me fazem bem, mas porque quando se vão me fazem mal. É indescritível a dor de vê-las depois que partiram. Ver e não possuir. Nessa hora o vazio deixado é preenchido. Preenchido de dor, transbordando tristeza. Os dentes trincam para não gritar "vem; volta a ser minha!". Não adiantaria, elas nunca voltam. Chegam pra ficar, mas se vão para sempre; sempre!

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